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Curiosidades

38.Vencendo Capablanca. Nos anos 1920s, o cubano José Raul Capablanca foi considerado uma máquina de jogar xadrez. Seu estilo era quase perfeito. Nenhum outro sofreu tão poucas derrotas quanto ele. Raros mestres puderam vencer Capablanca, e somente uma única e exclusiva vez: Botvinnik, Euwe, Keres, Reshevsky, Réti, Janowsky, Rubinstein... Mais raríssimos ainda foram os jogadores que conseguiram a proeza de triunfar sobre Capablanca mais de uma vez. Na verdade, apenas quatro mestres alcançaram essa glória suprema: Alekhine, Lasker, Spielmann e Marshall.

39. Imbecilidade. Aaron Nimzowitsch não era exatamente um poço de simpatia. Certa vez, ao ser derrotado por um mestre a quem considerava muito inferior (Becker), não se conteve e declarou aos berros, para que todos ouvissem: "Meu Deus, como se explica que eu tenha perdido para esse imbecil?"

40. Jornalismo. Tartakower foi um forte grande mestre nos anos 1920s/1930s e também um reputado crítico literário e jornalista. Bom escritor e bom jogador, dizia-se que ele era "o melhor jogador de xadrez dos jornalistas, o melhor jornalista de todos os jogadores de xadrez".

41. Do que entendo. Corria Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e o general alemão ordenou que chamassem o garoto prodígio (Wunderkind) polonês para jogar com ele. Samuel Reshewsky era judeu, mas durante a Primeira Guerra não existia ainda o nazismo. Muitos judeus lutaram nos exércitos alemão e austríaco. Por isso, o general não deve ter visto muito problema em enfrentar o pequeno mestre judeu polonês. Logo iria se arrepender, porque o menino Reshewsky deu uma tremenda surra sobre o tabuleiro quadriculado. Depois de derrotar o comandante, o menino ainda demonstrou sua independência de pensamento: "O senhor pode entender de guerra, mas quem entende de xadrez sou eu."

42.Proposta. No campeonato brasileiro de 1965, Henrique Mecking jogava com o experiente ex-campeão Olício Gadia. A partida foi suspensa na última rodada. Gadia estava em posição muito inferior, mas sabia que Mecking precisava apenas do empate para ser campeão. Imaginou que o rapaz não iria perder tempo nem correr riscos desncessários. Por isso, fez a sugestão oportunista: "Proponho o empate." Ao que Mecking replicou: "E eu proponho o abandono!". Mequinho tinha apenas 13 anos de idade. Ao derrotar Gadia, venceu o campeonato brasileiro com 2,5 pontos na frente do vice campeão (o lendário João de Souza Mendes).

43. Idioma materno. Efim Bogoljubow era russo de nascimento. Nos anos 1920s estava seguramente entre os cinco melhores do mundo, como atesta sua esplêndida vitória em Moscou 1925, sobre Lasker, Capablanca, Spielmann e Rubinstein. Casado com uma alemã, Bogoljubow saiu da URSS e foi viver na Alemanha. Anos mais tarde, Botvinnik enfrentou Bogoljubow numa partida de torneio. Num certo momento, Botvinnik comentou algo com seu ex-compatriota. Distraído, Bogoljubow respondeu em alemão ("Was?"), o que mostra que já não mais raciocinava em russo.

44. Colaboracionistas. Quando o nazi-fascismo estendeu suas patas e garras sobre a Europa, inúmeros mestres aceitaram (ou tiveram que aceitar) participar de torneios patrocinados pelos senhores nacional-socialistas: Euwe, Keres, Bogoljubow e Alekhine, por exemplo. Quem foi decente e pôde, tratou de fugir, como por exemplo o alemão Eliskases (que não era judeu). Mais tarde, a maioria desses mestres tentou se justificar alegando que jogavam para garantir a sobreviviência. Alekhine, porém, foi uma exceção. Suas atitudes de simpatia para com os nazistas receberam condenação dos Aliados depois que a guerra terminou. Como jogador, formidável; como ser animal político, execrável.

45. Cavaleiro andante. O mestre do xadrez é um viajante. Desloca-se de um país para outro em busca de torneios internacionais e prêmios. As mudanças de endereço são inevitáveis. Foi o caso de Steinitz, que nasceu em Praga, hoje capital da República Tcheca. De família judaica, seu idioma natal era o alemão. Morou e estudou em Viena, Áustria. Fixou-se na Inglaterra e, finalmente, nos EUA. Emanuel Lasker também foi globetrotter. Nasceu e viveu na Alemanha. Morou na Inglaterra, nos EUA, de novo na Alemanha, fugiu do nazismo e foi para União Soviética, e faleceu nos EUA. Tartakower nasceu e estudou na Rússia, fez a faculdade na Suíça e o doutorado na Áustria, representou a equipe olímpica da Polônia e se tornou cidadão da França. Por causa do nazismo e da II Guerra, muita gente boa se naturalizou argentina: Eliskases (Alemanha) e Najdorf (Polônia), por exemplo. Os jogadores atuais são um pouco mais sossegados. Mas também há os que mudam de país: Hort (da Tchecoeslováquia para a Alemanha), Anand (da Índia para a Espanha). A lista de jogadores soviéticos que saíram da URSS antes ou depois do fim da nação é enorme: Kamsky (EUA), Dorfman (França), Jussupow (Alemanha), Alburt (EUA), Gulko (EUA e depois Israel), Shirov (Espanha), Korchnnoi (Suíça), Krasenkow (Polônia).

46. Sem pressa. Emanuel Lasker visitou o torneio de Karlsbad, que teve um trio de vencedores: Maroczy, Alekhine e Bogoljubow. Nos intervalos, Alekhine e Lasker resolver jogar um pouquinho de xadrez relâmpago, só um pouquinho. O "só um pouquinho" deles durou doze (12) horas seguidas.

47. América. Quem terá sido o maior jogador do continente americano? Temos que decidir entre Capablanca e Fischer. Sem considerar os dois gigantes, quem terá sido o maior jogador dos EUA? Morphy, Pillsbury ou Reshewsky? Os latinoamericanos tiveram grandes jogadores como o mexicano Carlos Torre, os argentinos Panno e Najdorf (polonês naturalizado). Porém, para nós brasileiros, o melhor latinoamericano foi com Henrique C. Mecking. Algum jovem leitor se candidata a ocupar a vaga?

48. Casados x solteiros. Casar é bom para o xadrez? Boa pergunta, talvez tão difícil de responder quanto ter opiniões definitivas sobre todas as linhas da defesa siciliana. Houve grandes jogadores que se casaram, e outros que nunca se casaram (Morphy, C. Torre, Schlechter, Mecking e Fischer). Mas parece que a maioria se casa realmente: Lasker, Rubinstein, Tarrasch, Capablanca, Botvinnik, Bronstein, Petrosian, Spassky, Karpov, Kasparov, Keres, todos se casaram. Os solteirões são minoria mesmo. Mas nem todos ficam casados com a mesma esposa o resto da vida. Tarrasch, Euwe e Botvinnik foram unigâmicos, mas Bronstein, Capablanca, Alekhine, Spassky, Tal e Karpov, por exemplo, se casaram mais de uma vez.

49. Retirada. Xadrez é fascinante, mas desgasta muito e nem sempre livra alguém da miséria. Muito jogador talentoso já abandonou o xadrez. Falta de dinheiro, cansaço ou problema de saúde (física ou mental) foram os principais motivos. No século XIX, o americano Paulo Morphy foi o primeiro caso notável de desistência. Largou o xadrez no apogeu da carreira. O próprio Lasker abandonou o xadrez em 1924 e só voltou a jogar em1934. Fine era candidato ao título mundial mas se retirou em definitivo das competições para se dedicar à profissão de psicanalista. Rubinstein e C. Torre (GM mexicano) tiveram problemas psiquiátricos. O nosso Mecking abandonou o xadrez com apenas 26 anos, pouco depois de ter se colocado em terceiro no ranking mundial. O GM norte-americano Tarjan esqueceu tudo para se tornar bibliotecário, uma profissão com rendas modestas porém garantidas. O talentosíssimo peruano Granda também abandonou o xadrez e voltou para sua terra, para trabalhar como camponês. O jovem russo naturalizado norte-americano Gata Kamsky estava entre os top tem quando deixou os tabuleiros para fazer a faculdade de Medicina. O grande Fischer, talvez o maior dos campeões, largou o xadrez depois de ter conquistado o título mundial. Tinha apenas 28 anos de idade! Ensaiou um retorno vinte anos depois (1992), mas ficou por aí. 50. Duas palavras. Houve uma época em que os dois maiores jogadores de xadrez da Alemanha, S. Tarrasch e Em. Lasker, quase não se falavam. Poucos minutos antes da primeira partida do match pelo campeonato mundial, Tarrasch aproximou-se de Lasker e declarou: "Para Herr Doktor Lasker só tenho duas palavras: xeque e mate." Desgraçadamente, Tarrasch teve poucas oportunidades para utilizar essas palavras pois Lasker venceu o match com folga.

51. Peão avantajado. O GM Bernstein não via Bogoljubow há muitos anos. Quando finalmente o reencontrou, em Amsterdã, percebeu que Bogoljubow tinha engordado bastante. Bernstein não se conteve e exclamou: "Puxa, como você ficou gordo. Está parecendo um verdadeiro peão dobrado!"

52. Exagero. O GM Mikhail Tal viveu às voltas com graves problemas de saúde. Para piorar, não poupava quantidades de cigarro e de álcool. Em 1969 submeteu-se a uma arriscada cirurgia. Logo começaram a correr os boatos de que havia falecido no hospital. Mas Tal continuava vivo e esperto como sempre. Para esclarecer os amigos, anunciou: "As notícias sobre minha morte são um pouco exageradas."

53. Sacrifício. Perguntaram a Botvinnik sobre o que fazer quando um forte grande mestre sacrifica uma peça: tomar ou não tomar? Sua resposta: "Se for Tal quem estiver sacrificado, tome a peça. Se for eu, calcule todas as variantes. Se for Petrosian, recuse." A peça humorística resume o estilo dos três gênios e ex-campeões mundiais: Tal, brilhante jogador de ataque, fazia sacrifícios espetaculares baseados apenas na intuição. Muitos desses sacrifícios eram incorretos mas seus adversários, confundidos pelas complicações, raras vezes encontravam a saída correta. Botvínnik fazia sacrifícios baseados em dados racionais, porém, como ele modestamente admite, era capaz de se equivocar. Petrosian, célebre pela solidez e pelo instinto para reconhecer o perigo, só faria um sacrifício se tivesse absoluta certeza da correção.

54. Lasker e os jogos. Emanuel Lasker apreciava todos os jogos que envolviam algum tipo de raciocínio. Foi um dos maiores especialistas ocidentais em Go, o estratégico jogo japonês. Também era bom jogador de dominó e de gamão. Certa vez inventou um jogo de salão que se tornou muito popular nos lares alemães e austríacos nos anos 1920s. Lasker foi ótimo jogador de bridge (o "xadrez das cartas"), tendo feito parte da equipe olímpica alemã. Além de tudo, claro, foi campeão mundial de xadrez por 27 anos consecutivos, um recorde ainda não igualado.

55. Loucura. Os psicólogos e os médicos psiquiatras já comprovaram que o xadrez não é capaz de ninguém à loucura. Entretanto, pessoas que já tendem a desenvolver problemas mentais podem ter seu quadro agravado por causa do excesso das atividades enxadrísticas. A tensão dos torneios, das disputas e rivalidades é muito estressante. Nem todos reagem da mesmo maneira. O resultado é que muitos jogadores de altíssimo nível tiveram que abandonar o xadrez por problemas psiquiátricos: o norte-americano Paul Morphy, o austríaco Wilhelm Steinitz, o polonês Akiba Rubinstein, o mexicano Carlos Torre, todos grandes mestres.

56. Leningrado. Na Rússia, em novembro de 1917, operários e camponeses dirigidos pelo partido bolchevique derrubaram o governo provisório e iniciaram a construção do primeiro Estado socialista da história. A grande liderança da revolução proletária foi Vladímir I. Lênin, que era um excelente amador (segundo alguns analistas, teria hoje um rating FIDE próximo de 2300). Depois da morte de Lênin, a antiga capital do império russo foi rebatizada com o nome de Leningrado. Hoje, a União Soviética não existe mais. O socialismo foi destroçado. A própria cidade de Leningrado voltou a ser chamada pelo nome antigo, São Petersburgo. Apesar dessas mudanças, o xadrez conservou os nomes antigos. Assim, ainda damos o nome de "Leningrado" para inúmeras linhas de abertura, como na Defesa Nimzoíndia e da Defesa Holandesa, por exemplo.

57. Incompatibilidade. Como se sabe, um bispo que corre nas casas brancas jamais poderá capturar ou ser capturado por um bispo adversário que corre nas casas pretas. Nunca se encostarão. São os bispos de cores opostas. Quando Boris Spassky se divorciou da primeira mulher, explicou os acontecimentos com uma comparação: "Eu e minha ex-esposa éramos como bispos de cores opostas."

58. Ianques. Os Estados Unidos da América (EUA) têm sido um país de extraordinários jogadores de xadrez. O primeiro deles foi Paul Morphy, que em 1857-58 derrotou com facilidade os maiores jogadores europeus. Poderia ter sido considerado o campeão mundial, mas na época não existia esse título. No final do século XIX, destacou-se Nelson Pillsbury, que estava incluído no grupo dos cinco melhores do planeta (depois de Lasker, próximo de Steinitz, Tarrasch, Tchigorin e Maróczy). Depois, foi a vez de F. Marshall, perigosíssimo jogador de ataque, um dos raros mestres que conseguiram vencer Capablanca mais de uma vez. Nos anos 1930s, os EUA eram provavelmente o país mais destacado do xadrez mundial. A equipe norte-americana venceu inúmeras olimpíadas de xadrez. Seus principais jogadores, Reshewsky e R. Fine, eram considerados seriíssimos candidatos ao título mundial e ganharam vários torneios na frente dos mais fortes GMs europeus. Nos anos 1960s, surgiu a estrela brilhante e genial de Robert Fischer, campeão mundial de 1972-1975. Infelizmente, Fischer se retirou precocemente do xadrez. Porém outros jogadores representaram os EUA e alcançaram elevados postos no xadrez mundial: R. Byrne, Christiansen, Seirawan e, recentemente, o russo naturalizado norte-americano Gata Kamsky.

59. Melhore comigo. Por duas décadas, o norte-americano Samuel Reshewsky esteve na lista dos dez melhores do mundo. Com certeza, era o mais forte jogador do planeta fora da URSS. Em partidas individuais, venceu quase todos os campeões mundiais, incluindo Capablanca, Alekhine, Botvinnik, Smyslov e Fischer. Quando um amador perguntava ao grande Reshewsky qual a melhor maneira de progredir, ele sempre respondia: "Estude minhas partidas." E quem se atreveria e dizer que não era um excelente conselho? 60. Soviéticos e russos. A União Soviética (URSS) era um país que agrupava dezenas de povos diferentes, sendo que os russos formavam o contingente mais numeroso. Constitui um grave erro chamar os soviéticos de "russos". O próprio J. Stálin, que governou com mão de ferro a URSS, não era russo, era georgiano. Seu sucessor, Nikita Krutchev, tinha nascido numa aldeia ucraniana. Inúmeros jogadores de xadrez soviéticos também não eram russos. Por exemplo, Keres era estoniano, Petrosian era armênio, Geller, Beliavsky e Ivanchuk nasceram na Ucrânia, Tal era da Letônia, Polugaevsky nasceu na Bielorússia (que é outra república, separada da Rússia), Gelfand também é natural da Bielorússia soviética, Vaganian é armênio, Azmaiparashvili veio da Geórgia, e V. Gravikov nasceu na Lituânia. O próprio Kaspárov nasceu na Adjerbaijão. A rigor, os únicos campeões nascidos na Rússia foram Botvinnik, Spassky, Smyslov, Karpov e Kramnik. Mas se quisermos enriquecer mais ainda nosso caldeirão de povos e culturas, seriam bom acrescentar que os russos Botvinnik, Spassky e Smyslov também descendiam de judeus.

61. Damiano atual. O português Damiano publicou em latim seu Tratado de Xadrez em 1512, logo traduzido para outros idiomas. Durante dois séculos, a obra foi reimpressa várias vezes na Itália, na França e na Inglaterra. Alguns de seus conselhos são completamente atuais: "Não faça nenhum movimento que não tenha um objetivo claro e definido", "Não jogue com pressa", "Quando você tiver encontrado um bom movimento, procure para ver se não encontra um que seja melhor ainda." Alguns manuais chamam a seqüência 1.e4 e5 2.Cf3 f6 de "defesa damiano", o que é uma grande injustiça porque no livro do mestre português está dito explicitamente que a melhor resposta para as pretas é 1...Cc6.

62. Petrosian e a Armênia. O soviético T. Petrosian nasceu e viveu na Armênia, uma das repúblicas que compunham a antiga URSS. Quando esteve em Buenos Aires em 1971, foi recebido com carinho pela comunidade armênia argentina. Alguns duvidaram que ele, cidadão da URSS, que falava perfeitamente o idioma russo (aprendido em todas as escolas do país, como primeira ou segunda língua), pudesse falar em armênio. Mas quando Petrosian discursou com um armênio perfeito, sem sotaques, foi aplaudido com entusiasmo por seus fãs e compatriotas.

63. Jogo de damas. Poucas perguntas podem ser tão irritantes quanto "Você joga xadrez? Então deve jogar damas também." Nada contra o jogo de damas, mas é óbvio que existe uma grande diferença entre os dois esportes, ambos de raciocínio. O xadrez é evidentemente mais complexo. Entretanto, houve alguns fortes jogadores de xadrez que também jogavam damas. Pillsbury, o GM norte-americano foi, abaixo de Lasker, um dos cinco melhores do mundo no final do século XIX (ao lado de Steinitz, Tarrasch, Tchigorin e Maróczy). Esse mesmo Pillsbury destacou-se como um dos dez melhores jogadores de damas dos EUA. O alemão Anderssen, talvez o melhor do mundo por volta de 1865, também foi campeão de damas em seu país. O fortíssimo jogador soviético Nezhmetdinov foi campeão russo de xadrez e de damas!

64. Finais impossíveis. O uso de poderosos computadores na análise de finais com pouquíssimas peças (os dois reis + duas ou três peças/peões) desvendou alguns mistérios e revelou interessantes surpresas. Por exemplo, nas posições normais, rei + dois bispos conseguem dar mate em rei + cavalo (na posição mais complicada, o mate forçado demora 66 lances). Rei + Dama vencem contra Rei + 2 bispos, mas Rei + Dama não conseguem vencer 2 cavalos. Rei + Dama vencem 2 bispos, mas nas posições mais difíceis, são necessários 71 lances para dar mate. O conhecimento desse fato levou ao questionamento da regra do empate depois de 50 lances sem movimento de peão nem captura de peça. Incrível mesmo é o final de Rei + Torre + Bispo contra Rei + 2 cavalos. Note bem, Dama contra dois cavalos dá empate, mas Torre + Bispo (que valem menos do que uma dama) vencem o final contra 2 cavalos! Final dificílimo. Em algumas posições, o mate inevitável acontece depois de 222 lances. Repetimos: R+T+B x R+ C+C pode terminar com mate forçado em 222 lances!

65. Máquinas de guerra. Enxadristas que criaram equipamentos bélicos. Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o patriota Emanuel Lasker apresentou projetos de máquinas militares para o Exército alemão. Durante a Segunda Guerra (1939-1945), Alexander Kotov inventou um tipo de morteiro muito útil para o exército soviético na sua luta contra o invasor nazista. Os mesmos nazistas que haviam confiscado os bens de Lasker e o forçaram ao exílio, acusado de "corromper a Alemanha" por ser judeu.

66. Magiares. A Hungria é um país de extraordinários enxadristas. Na passagem do século XIX para o XX destacou-se G. Maróczy, que no auge da carreira estava no mesmo nível de Rubinstein, Tarrasch e Schlechter. No final do século XIX, R. Charousek era uma enorme promessa e venceu grandes torneios, mas faleceu com apenas 27 anos, de tuberculose. Nos anos 1920s, Breyer, que também morreu antes de chegar à velhice, fez parte do grupo "hipermodernista" que inovou a estratégia do xadrez. Nos anos 1950s/1960s, destacou-se L. Szabo, candidato ao título mundial e um dos raros jogadores capaz de fazer partidas equilibradas com os GMs soviéticos. Nos anos 1960s/70/80s, Lajos Portisch tornou-se um dos cinco melhores do mundo, inúmeras vezes candidato ao título mundial. Recentemente, destacou-se a genial Judite Polgar, a primeira mulher a figurar na lista dos dez maiores jogadores do planeta. Outro nome húngaro do xadrez atual é Peter Leko, que no ínício do século XXI posiciona-se entre os dez melhores do mundo.

67. Hein?! Samuel Reshewsky tinha 74 anos quando chegou em 2o lugar no Open de Lugano 1985, apenas ½ ponto atrás do soviético Tukmakov. Neste torneio, jogaram GMs do nível de J.Nunn, A. Sokolov, Z. Ribli, G. Sosonko, G. Sax, K. Spragett, estrelas dos anos 1980s. Na última rodada, Reshewsky enfrentou o fortíssimo GM inglês N. Short, que naquele mesmo ano tornar-se-ia o primeiro inglês a se classificar para o Torneio de Candidatos, o grupo selecionadíssimo que disputava o direito de desafiar o campeão mundial. Nos melhores anos, Reshewsky havia tomado parte de alguns torneios de candidatos. Os bons tempos tinham passado, mas ele ainda era capaz de reviver algumas da antigas glórias, como fez neste torneio de 1985. Por causa da idade, Reshewsky já não escutava direito. Então, no momento em enfrentava o jovem astro britânico, aconteceu o seguinte diálogo, testemunhado pelo GM J. Nunn: RESHEWSKY: "Você está jogando pela vitória?" SHORT: "Isso é uma proposta de empate?" RESHEWSKY: "Não consigo ouvir o que você diz" SHORT (mais alto): "Você está propondo o empate?" RESHEWSKY: "Isso é uma oferta de empate?" SHORT: "Não!" Reshewsky não ouvia direito, mas continuava enxergando muito bem e conseguiu empatar com Short, que assim perdeu o primeiro lugar no torneio.

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