Alexander Alekhine O rei que morreu sentado em seu trono Canal Xadrez Brasnet


Alexander Alekhine


    Alexander Alekhine (1892-1946)
Campeão Mundial nos períodos de: 1927-1935,1937-1946 (17 anos, no total).

Muitas coisas distinguem Alexander Alekhine do resto dos grandes nomes do nosso jogo. Foi o primeiro campeão russo do mundo e também o primeiro que conseguiu recuperar a coroa em um match-revanche. Trata-se também, do único campeão mundial que faleceu possuindo o título. Mas acima de tudo, Alekhine sempre será lembrado por suas combinações antológicas, que ainda despertam admiração entre os melhores jogadores da atualidade.

Alekhine veio ao mundo em Moscou, no dia 31 de outubro ou 1º de novembro de 1892; depende se tomarmos como referência o calendário juliano, ou o gregoriano, que era o vigente na Rússia até 1918. Pessoalmente, prefiro tomar como data mais adequada o 1º de novembro, por ser a que aparece escrita em seu túmulo no cemitério parisiense de Montparnasse.

Alekhine foi um dos grandes mestres mais originais e taticamente mais brilhantes de todos os tempos e, com a possível exceção de Fischer, o mais dedicado ao xadrez. Tinha a fome de conquista que caracteriza os grandes jogadores. Passou cinco anos preparando-se para sua vitória contra Capablanca.

Na sua fase áurea, em torno de 1930-34, ele dominou seus rivais, e nos torneios de San Remo (1930) e Bled (1931) terminou, respectivamente, com 3,5 e 5,5 pontos à frente dos participantes de fama mundial. A última fase de sua vida foi marcada pelo consumo excessivo de bebidas e pela sua colaboração com os nazistas durante a guerra.

Alekhine nasceu em Moscou, de uma família rica e aristocrata. Seu irmão mais velho, Aleksei, também era enxadrista e, como não era permitido a garotos freqüentar os clubes de xadrez da época, ambos desenvolveram seu talento com o xadrez postal. Alekhine não era um prodígio como Morphy e Capablanca, mas seu desempenho evoluiu rapidamente durante a adolescência e, aos quinze anos, já derrotava alguns mestres. Em 1914, tornou-se o terceiro, depois de Lasker e Capablanca, no grande torneio de São Petersburgo, mas então vieram a guerra e a revolução. Venceu o Campeonato Soviético em 1920 e depois partiu para o Ocidente, tornando-se cidadão francês.

Alekhine nasceu no seio de uma família mais que acomodada. Seu pai, Alexander Ivanovich, era licenciado em História da Filologia na Universidade de Moscou, e membro da Duma; sua mãe, Agnesa Prokhorovna, filha de um dos industriais mais ricos da época. No entanto, não podemos fazer um retrato muito favorável dos progenitores do enxadrista através dos testemunhos que existem sobre eles. Sobre seu pai se diz que gastava quantidades enormes de dinheiro nos cassinos da Costa Azul; sobre sua mãe, que era alcoólica, motivo pelo qual nunca se ocupou realmente a cuidar do filho. Alexander cairia anos depois no mesmos erro.

Um exemplo das pequenas excentricidades da senhora Prokhorovna foi batizar seus filhos com nomes dos personagens das obras do grande dramaturgo russo A. Ostrovsky. O primogênito foi chamado Alexel, a única filha, Varvara, e o futuro campeão mundial... foi batizado como “Tisha”. Só não continuou por que em 1907 seu pai trocou seu nome para Alexander, e foi com este que passou a história.

De forma parecida ao que sucedeu a um de seus ancestrais, Lasker, foi Alexei, o irmão quatro anos mais velho que ele, que ensinou as regras do jogo a Alexander, quando este tinha sete anos de idade. Aos 11 ou 12 começou a jogar um pouco mais a sério, e também começou a exibir suas habilidades para jogar as cegas.

Alekhine era um bom aluno – ainda que distraído -, se destacava em todas as matérias, exceto, curiosamente, em matemática. Também é certo que seus professores o tratavam com certa permissividade em razão de que, sendo ainda estudante, tornou-se o campeão de São Petersburgo. Depois, continuou os estudos na Escola Militar daquela cidade e na Escola Imperial Superior de Leis para Nobres, e se graduou como advogado em 1914, homologando este título 11 anos mais tarde em Paris. Também se atribuiu durante muito tempo um doutorado em Sorbone, mas é muito provável que tenha sido uma invenção sua, pois nenhum de seus biógrafos conseguiu provas de nenhum tipo que demonstrem sua passagem por esta instituição parisiana.

Seus primeiros êxitos no tabuleiro foram conseguidos às margens do rio Neva: em Cão Petersburgo conseguiu em 1909 o título de mestre da Rússia, aos 16 anos, depois de participar em algumas provas de menor importância em Hamburgo e Estocolmo, nesta mesma cidade conseguiu em 1914 seu primeiro grande triunfo, empatado no primeiro lugar com Aaron Nimzovich.

Apenas alguns meses depois teve oportunidade de enfrentar os melhores jogadores do mundo, de novo em São Petersburgo, enfrentaria seu tenaz rival: se o trunfo foi para Lasker, e o segundo lugar para Capablanca, Alekhine conseguiu se situar já como o terceiro homem do xadrez mundial, ficando à frente de jogadores consagrados como Tarrasch e Marshall. Estes cinco jogadores que ocuparam estas classificações foram os primeiros enxadristas na história a receber a nomenclatura de “grande mestre”, que lhes foi outorgada pelo Czar Nicolas II, da Rússia.

Depois deste êxito a fatalidade cruzou sua vida pela primeira vez: enquanto disputava – com grande estilo – o torneio de Mannhelm (Alemanha), a primeira guerra mundial foi anunciada, e tanto ele como os outros participantes, como Bogoljulbow por exemplo, foram feitos prisioneiros. Somente graças à influência de sua família e a diversas tentativas pôde sair do cárcere e regressar à Rússia.

Por infortúnio, nem em seu país encontrou a paz: em 1917 iniciou a Revolução Bolchevique, e nesta ocasião, Alekhine foi prejudicado por pertencer a uma família nobre. Toda sua fortuna foi confiscada, e o mestre de novo estava no cárcere. Conta a lenda - que somente Alekhine sabia o que realmente havia acontecido, e sobre esta história deu testemunhos contraditórios - , que até sua execução chegou a ser anunciada, mas no fim pôde ser liberado graças a atuação em seu favor do mesmíssimo Leon Trosky, que esteve em sua cela para jogar uma partida com ele. Verdade ou fantasia, Alekhine conseguiu sair do país e encontrou abrigo na França, cuja nacionalidade adquiriu posteriormente.

Embora Alekhine já tivesse lançado seus primeiros desafios ao campeão mundial, José Raul Capablanca, ainda não havia sido considerado por ele. Mas nesta época, em três anos consecutivos, Alexander conseguiu três notórios êxitos: venceu sem sombra de dúvida em Baden-Baden (1925), derrotou pela primeira vez a Max Euwe em um match (1926), e por último, e muito mais importante, conseguiu o segundo lugar no Torneio de Nova Iorque apenas superado pelo cubano. Isto obrigava Capablanca a aceitar seu desafio, já que se havia comprometido publicamente a por seu título em jogo frente ao jogador melhor classificado neste torneio.

Dizem que Alekhine esperava jogar com Capablanca desde 1914 e antes mesmo de Capa enfrentar Lasker. O carisma de Alekhine vinha de suas táticas lógicas porém ousadas que se baseavam freqüentemente no desenvolvimento lento do adversário; suas anotações lúcidas e articuladas e sua personalidade impulsiva eram o contraponto perfeito à elegância despreocupada de Capa. Foi particularmente severo com estrategistas convencionais como Rubinstein e Tarrasch.

Durante as partidas revelava uma personalidade psicologicamente ameaçadora, fumando, penteando o cabelo sem parar, com olhar fixo e feroz na direção do adversário e às vezes dando voltas em volta da mesa como um predador. No julgamento de muitos estudiosos, suas partidas constituem uma coleção de obras de grande mestre que elevou o xadrez ao mais alto nível entre realizações intelectuais e estéticas. Alekhine é considerado por muitos como o primeiro real jogador profissional.

Ele absorveu as melhores idéias do novo movimento radical conhecido como Hipermodernismo, dosando com a antiga escola posicional.

Alekhine (esquerda) frente a Capablanca, en Buenos Aires 1927

A batalha histórica entre Alekhine e Capablanca, dois grandes gênios do xadrez, foi realizada em Buenos Aires no dia 16 de setembro de 1927 e durou 34 partidas. Só perde em número de partidas num único match para a disputa colossal entre Karpov e Kasparov de 1985. Alekhine derrotou a Capablanca por +6-3=25, tornando-se o quarto Campeão Mundial da história do xadrez. Todas as partidas aconteceram sob portas fechadas. Não havia nenhum espectador ou fotógrafo.

Campeonato Mundial, Buenos Aires (ARG) 1927
 
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Após tirar o título mundial de Capablanca, cresceu em Alekhine o desejo de dominar os outros enxadristas. Em Bled, 1931, seu desempenho foi menos convincente, mas triunfou por 5,5 e derrotou Flohr.

Na olimpíada de xadrez de 1930 obteve a incrível marca de 100% dos pontos, vencendo todas as 9 partidas pelo 1º tabuleiro da equipe Francesa. De 1929 a 1932 Dr. Alekhine venceu em San Remo , Londres, e Pasadena.

Em Nottingham 1936 , Inglaterra, ficou em 6º lugar, o torneio foi ganho por Capablanca e Dr. Botvinnik. Sendo a primeira partida contra Capablanca desde o match de 1927.

Há que se dizer aqui que as relações entre os dois enxadristas eram péssimas, e se evitaram a ponto de não se enfrentarem por nove anos. O motivo desta inimizade era as condições excessivamente duras que, segundo Alekhine, Capablanca havia estabelecido para quem quisesse desafiá-lo. Como vingança, Alekhine se negou a aceitar qualquer pedido de revanche por parte do cubano se não houvesse as mesmas condições que este havia lhe exigido anteriormente.

Em troca, Alekhine aceitou defender seu título, em condições menos rigorosas, frente a outros jogadores. O primeiro deles foi Efim Bogoljubow, a quem se impôs facilmente em 1929 (Weisbaden) e em 1934 (Baden-Baden). Também Alekhine conseguiu importantes triunfos nesta época, como suas louváveis vitórias nos torneios de São Remo em 1930 ou de Blend em 1931.

Precisamente em Bled surgiram pela primeira vez boatos de que Alekhine tinha sérios problemas com a bebida, o que começou a revelar o pior de seu caráter, já bem amargo depois dos muitos problemas sofridos. O ilustre historiador Ricardo Calvo, com seu humor, o definia assim: “Alekhine era realmente um caso à parte: obsessivo, egoísta, infantil, bebedor, e definitivamente excluído de todas as antologias de vidas exemplares”.

Dr. Alekhine nunca aceitou um match revanche contra Capablanca, escolhendo a Bogoljubow em duas oportunidades, vencendo ambas por +11-5=9 e +8-3=15 respectivamente em 1929 e 1934. 0 último grande sucesso de Alekhine em sua melhor fase foi em Zurique, 1934, após o qual seus resultados tornaram-se um tanto apagados. Seu problema de alcoolismo acentuou-se e afetou seu jogo e seu comportamento durante a inesperada perda do título mundial para Euwe, em 1935. Chocado pela derrota, entrou num treinamento rigoroso e abstêmio e recuperou o título dois anos depois.

Campeonato Mundial, (Alemanha/Holanda) 1929
 
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Campeonato Mundial, (Alemanha) 1934
 
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Dr.Alekhine aceita o desafio do Dr. Max Euwe, no dia 3 de outubro de 1935 pelo campeonato mundial. Dr. Euwe vence por +9-8=13. Dedicou-se ao aspecto físico, deixando de fumar e beber, e após período preparatório Dr. Alekhine pede um rematch e retoma o título com placar de +10-4=11.

Campeonato Mundial, (Holanda) 1937
 
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Sua personalidade:

A personalidade de Alekhine era com certeza problemática, como pudemos comprovar pela mencionada ambigüidade e oportunismo desde o regime nazista. Prepotente, tirano, colérico, alcoólatra, convencido, são apenas alguns dos julgamentos que lhe atribuíram. Mas todos compreensíveis se levarmos em conta os problemas descritos em sua infância.

Até que ponto ficaram todas estas marcas em Alekhine? Na opinião de seus biógrafos, muito. Para começar, é evidente que repetiu os mesmos erros de seus pais. Por exemplo, quando venceu o Torneio de Baden-Baden em 1925, o grande mestre não demorou mais que algumas horas para colocar o prêmio na roleta, perdendo tudo. Por outro lado, o álcool se tornou seu companheiro de penúrias, buscando nele uma forma de fuga para suas preocupações.

A ausência da mãe durante a infância é interpretada por muitos biógrafos como a origem de suas relações peculiares com as mulheres. Casou-se quatro vezes, e todas elas com um fator em comum: todas as suas esposas eram bem mais velhas que ele. Seu primeiro matrimônio foi com a baronesa russa Sergewin (1920), com quem já tinha uma filha. Depois abandonou a baronesa e se casou em Paris com uma jornalista sueca, Anna Ruego, com quem teve um filho, Alexander. Mais tarde, casou-se com Nadjeda Fabritky, viúva de um importante general russo, e que, inclusive, tinha uma filha alguns anos mais velha que o próprio Alekhine. E por último, viveu com outra viúva, Grace Wishar, que foi a mulher de sua vida: amante do xadrez, de nacionalidade americana, endinheirada, e dezesseis anos mais velha que ele.

Alekhine ainda era um adversário difícil para qualquer um. Botvinnik descreveu como, em Nottingham, 1936, quando em posições complexas, ele se levantava - depois de executar seu lance - e começava a rodar em volta da mesa como uma pandorga. Jogando contra Botvinnik, manteve sua "imitação de pandorga" por vinte minutos, enquanto este lutava interiormente para escapar à pressão psicológica. Era uma partida vital para ambos, a primeira entre o então campeão soviético e o russo "branco" que emigrara.

Alekhine e seu gato chamado Alekhine era um amante de gatos. Jogou frequentemente em torneios com seu gato "chess" ao seu lado. Ele usava roupas com desenho de gatos. Um oponente derrotado disse, "Eu sabia que estava em apuros quando ele apareceu com este animal maldito."

Alekhine esteve na Alemanha no meio destes acontecimentos, e optou por fazer o que sempre havia feito: jogar xadrez. Os torneios não estavam surgindo, e muitos dos antigos companheiros enxadristas, por serem judeus, tiveram que se exilar e outros haviam sido feitos prisioneiros. Mas Alekhine pôde participar em vários torneios entre 1941 e 1943: Munich, Salzburgo, Cracóvia, Praga... Todos eles paralelos de várias exibições simultâneas em alojamentos militares, e outra partida amistosa com Hans Frank, o sanguinário governador que Hitler nomeou para a Polônia invadida.

Esta aparente indiferença de Alekhine frente ao que sucedia ao seu redor, ou sua aparente conivência com o regime nazista, resultou em uma forte polêmica por causa da aparição de uns artigos publicados em um diário que os alemães editavam em Paris, o “Pariser Zeitung”, que tinham um sinal anti-semita. É uma evidência que varia entre as informações que aparecem deles, ao que diz respeito a conceitos enxadrísticos, pertencem a Alekhine, pois eram idéias particulares que já havia expressado com autoridade; por exemplo, seu conceito sobre Steinitz e Lasker. O que é discutível são as interpretações que se deu a estas opiniões meramente enxadrísticas. “Não há nestes artigos uma só palavra minha”, disse anos depois da guerra para as pessoas que quiseram ouvi-lo. Se Alekhine reprovava os artigos que não eram seus, por que não protestava sobre a publicação dos mesmos? Mas o próprio campeão explicou com toda lógica, estando naquele momento na Alemanha nazista, fazer isto seria uma loucura, para não dizer suicídio.

Embora sejam suposições, o mais incrível é que diversos trabalhos e pontos de vista expressados por Alekhine tenham sido utilizados como propaganda. Ricardo Calvo apontava em um de seus artigos a possível responsabilidade de Alfred Brinckmann, ao que define como “o alusivo do xadrez do luxo hitleriano”, e que já conhecia Alekhine há muito tempo (fazendo festa por sua enorme perspicácia como historiador, Ricardo mostrava como prova uma partida entre os dois em 1921). Este sinistro personagem participou, vestindo uniforme militar, no Torneio de Madrid de 1943.

A questão é que, apesar de Alekhine não ter sofrido o mesmo destino trágico de muitos de seus companheiros judeus, ao terminar a guerra estava anêmico e destruído. A revolução de outubro o havia privado de sua herança. A segunda guerra mundial lhe fez perder tudo o que havia ganho como campeão mundial. “As dos guerras me destruíram”, foi o título de um artigo que escreveu.

Nestas condições Alekhine chegou a nosso país (Espanha), em 1943, e passaria praticamente o resto de seus dias na península. Sobrevivia realizando exibições simultâneas, uma atrás da outra, e alimentando sua esperança com a possibilidade de retomar o match suspenso com Botvinnik, ou de partir rumo a América e terminar ali seus dias, distante da Europa destruída. Destes anos na Espanha, muitas piadas foram feitas, algumas felizes outras tristes, pois o campeão já estava em seu declínio e o alcoolismo com suas conhecidas conseqüências haviam se acentuado.

O inesquecível historiador Pablo Moran recolheu uma grande quantidade de histórias e também documentos sobre as simultâneas em uma de suas grandes obras, “A. Alekhine, a agonia de um gênio”, e podemos citar como Miguel Angel Nepomuceno, com quem deu prosseguimento a esta tarefa, ele que precisamente há alguns dias me falava sobre o muito que ainda tem para documentar a respeito das andanças de Alekhine pela Espanha.

Mas não é pouco o que já se conhece bem. Por exemplo, sua participação no Torneio de Gijon de 1944, sua partida com Arturito Pomar deu a volta ao mundo, a partida em que o jovem prodígio conseguiu empatar quando tinha somente 13 anos. Também em Gijon, 1945, Alekhine recebeu a confirmação de que seu estado de saúde era grave, e seu fígado estava afetado por uma cirrose extrema que ameaçava explodir a qualquer momento. Mas tudo isso não impedia Alekhine de ir para a cama todos os dias com uma garrafa de conhaque...

A vida ainda tinha reservado algumas punhaladas para este azarado gênio. Quando estava ativamente trabalhando para retomar o match suspenso com Botvinnik, começaram a pedir-lhe informações sobre seus “coquetéis” com os nazistas durante a segunda guerra, lhe foram negados, inclusive, convites para participar em torneios nos Estados Unidos. Questionavam se seu confronto com Botvinnik seria conveniente.

Um absurdo e trágico acidente pôs fim a sua vida e a todas essas incertezas: Alekhine, sozinho em um apartamento de seu Hotel em Estoril, engasgou com um pedaço de bife, e morreu asfixiado quase poderíamos dizer que a solidão o matou. Um fotógrafo imortalizou o cenário de sua morte, fazendo uma foto que é um dos documentos mais importantes e extremecedores de nosso esporte. Na imagem vemos Alekhine derrubado sobre a poltrona; a menos de um metro seu, um tabuleiro de xadrez, sobre o qual sua mão pendia inerte, como se quisesse se unir a ele no seu último momento. E na sua frente,

Em seus últimos anos, Alekhine foi um dos principais participantes dos torneios nazistas da guerra e uma série de artigos anti-semitas foi publicada sob seu nome. Seu jogo deteriorou ainda mais depois de 1943. Quando, em 1946, aceitou um desafio pelo título de Botvinnik, poucos achavam que ele tinha alguma chance; mas, enquanto se preparava para a decisão, Alekhine morreu repentinamente em Lisboa.

NOTA IMPORTANTE SOBRE A MORTE DE ALEKHINE:

O historiador Miguel Angel Nepomuceno fez a gentileza de ler este artigo (e outro sobre os quais lhe pedi conselhos) e fez comentários e correções. Entre eles, uma de certa importância, referente a morte de Alekhine, que é imprescindível colocá-la aqui:

Assumi em meu artigo a hipótese de que Alekhine havia morrido asfixiado, que é a que Bjelica registra em sua biografia sobre este mestre. O jornalista iugoslavo sustentava esta tese baseando-se no relato de um aparente documento da autopsia, e então usei esta fonte.

No entanto, Nepomuceno me avisou que há alguns anos apareceu o informe completo da autopsia, documento do qual ele recebeu uma cópia por meio de Alexander, o próprio filho de Alekhine. E este certificado esclarece que Alekhine morreu por um ataque cardíaco, provocado pela pressão arterial alta que o campeão sofria. Uma vez tendo aparecido este documento, podemos dar por praticamente solucionadas as controvérsias sobre sua morte.

Nepomuceno também fez outra observação: “diante” de Alekhine (como escrevi) não aparece nenhum livro de versos. O correto é dizer que o mencionado livro estava “ao lado dele”. Pode parecer um detalhe sem importância, mas como ele diz: “Não queremos que a história se converta em um conto de fadas”.

Ps: Existe outra teoria sobre a morte de Alekhine (Leia o artigo até o final)

Jogou em 87 torneios em sua vida, dos quais venceu 62 - um recorde; depois de 1912 ele só ficou uma vez em Nottingham, 1936 - fora dos quatro primeiros lugares. Se você gosta do xadrez tático e também de estratégias e jogos posicionais, Alekhine é um excelente modelo de como jogar xadrez.

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Alekhine e os Nazistas
por Bill Wall


Em agosto 1939, o irmão de Alexander Alekhine, Alexei (1888-1939) foi assassinado na Rússia. Sua irmã estava também na Rússia, mas não poderia contatá-la.

Em setembro 1939. Alekhine estava em Buenos Aires quando a Alemanha invadiu a Polônia. Como o capitão da equipe francesa, recusou jogar contra a equipe alemã. O placar entre França e Alemanha ficou em 2-2 sem jogos. Os alemães ganharam o evento. Alekhine era agora um cidadão francês e mudava a soletração de seu nome de Aljechin para Alekhine quando se transformou num cidadão francês.

Em janeiro, 1940 o Dr. Alexander Alekhine (1892-1946) entrou para o exército francês após o retorno de Buenos Aires, Argentina. Foi capitão da equipe olímpica francesa de xadrez e era o dono do tabuleiro 01 da equipe francesa. Foi um intérprete e um oficial de saneamento do exército francês. Depois da queda da França, fugiu para Marselha. Em outubro 1940, procurou a permissão para entrar em Cuba, prometendo jogar um match com Capablanca. Este pedido foi negado.

Levou um ano para conseguir uma permissão para ir para Lisboa, Portugal. Teve que escrever 2 artigos de xadrez para um jornal alemão para conseguir seu visto de saída.

Em 1941 Alexander Alekhine escreveu seis artigos Nazistas que foram publicados primeiramente no jornal Pariser Zeitung de Paris. Escreveu uma série de artigos para o Die Deutsche Zeitung em den Niederlanden chamado "Judeus e o Xadrez Ariano" Os artigos foram reproduzidos em Alemão.

Os artigos tentaram provar que os Judeus jogaram o xadrez defensivo, covardemente enquanto os enxadristas Arianos jogavam no ataque, eram agressivos e bravos. Acreditava que após a morte de Lasker, Lasker fosse o último campeão Judeu de xadrez do mundo. (Irmã de Lasker morria em uma câmara de gás em um campo de concentração Nazista).

Alekhine definiu o xadrez Judeu como o lucro material a todos os custos. Era oportunista no seu melhor. Era defensivo a qualquer custo. Reivindicou que nunca houve um artista real de xadrez de origem Judaica. Mencionou que os representantes do xadrez Ariano incluem Philidor, Labourdonnais, Anderssen, Morphy, Tchigorin, Pillsbury, Marshall, Capablanca, Bogoljubov, Euwe, Eliskases, e Keres. Para jogadores Judeus, havia somente Steinitz e Lasker.

A Polêmica Alekhine - Artigos escritos pelo ex-campeão mundial de xadrez em 1941
Uma das maiores polêmicas da história do xadrez é a autoria de uma série de artigos do então campeão mundial de xadrez Alexander Alekhine publicados na Alemanha nazista em 1941 durante a 2ª Guerra Mundial, intitulados "Judeus e o Xadrez Ariano".

Devido a esses artigos, Alekhine foi rotulado de nazista e foi esquecido da comunidade mundial enxadrística após o fim da guerra. Ele não foi convidado para jogar o torneio London Victory em 1946. No mesmo ano de 1946, ele morreu em um quarto sujo de um hotel em Portugal, quando teve um pedaço de carne engasgado na garganta.

Alekhine Uma das maiores dúvidas é se Alekhine escreveu realmente esses artigos. Seus defensores tentaram provar que ele não o fez. Porém, do texto dos artigos, parece claro que Alekhine realmente os escreveu. Certamente o autor dispõe de conhecimento e vivência com os estilos de jogo dos grandes jogadores de xadrez do período entre guerras e havia poucas pessoas na Alemanha nazista em 1941 que conheciam o assunto como Alekhine.

A dúvida mais séria é se Alekhine mereceria receber a rejeição internacional que fora a ele acometida após o aparecimento dos artigos. Deste dia em diante, sempre foi dito que Alekhine era um nazista e ele escreveu artigos pra os nazistas. Mas, o que esses artigos realmente diziam? Eles realmente diziam algo tão terrível que merecesse uma condenação universal como a que Alekhine recebeu desde então?

Aqui estão os artigos, em três partes. Deixemos o leitor julgar por si mesmo.
Sam Sloan

Xadrez Judeu e Ariano [ 1 ]

É de se esperar que, com a morte de Lasker um segundo e provavelmente último campeão mundial de xadrez judeu, o xadrez ariano (pervertido até agora com as idéias defensivas judias) vai encontrar o seu caminho para se tornar o xadrez mundial? Eu não posso ser muito otimista, porque Lasker deixou muitos discípulos e muitos seguidores que podem ainda por em perigo o xadrez mundial.

As grandes falhas de Lasker como maior mestre do xadrez (eu não sou disposto ou qualificado para falar dele como o homem ou o "filósofo") eram múltiplos. Após aniquilar Steinitz com seu conhecimento tático (é muito divertido observar como esses dois habilidosos táticos tentaram convencer o mundo do xadrez que eles eram grandes estrategistas ou descobridores de novas idéias) ele não cogitou por um só momento em dar ao mundo do xadrez uma idéia criativa desenvolvida por si mesmo; em vez disso, ele se contentou em publicar em um livro uma série de aulas que ele havia ministrado em Liverpool sob o título "Bom senso no xadrez".

Lasker plagiava o grande Morphy

Nessas aulas, no seu livro, Lasker plagiou o grande Morphy e suas idéias sobre "a luta pelo centro" e "ataque pelo ataque". Da idéia do ataque como alguma coisa otimista, criativa, completamente destoante do Lasker jogador de xadrez, e nesse sentido ele foi o sucessor natural de Steinitz, o jogador mais "grotesco" que o xadrez teve de tolerar.

O que é o xadrez judeu, a idéia real por trás do xadrez judeu? Não é difícil responder a essa questão:

1. Vantagem material a qualquer custo;

2. Oportunismo - um oportunismo com falta de objetivo maior, com o simples motivo de eliminar até a sombra de um potencial perigo e que conseqüentemente revela uma idéia (se for possível aplicar a palavra "idéia" a isso), que pode ser nomeada "defenda pela defesa". Como as possibilidades futuras são previstas, o xadrez judeu cavou sua própria cova ao desenvolver essa "idéia", em que qualquer forma de luta, qualquer coisa não possa significar algo diferente do próprio suicídio. Então, defendendo-se, o que pode ocasionalmente (e com que freqüência?) evitar a derrota. Mas como este ganha? Só há uma resposta: por um erro do adversário. E se o oponente cometer esse erro? Tudo que o "defensor a todo custo" pode obter então é lamentar-se da ausência de erros.

Não é fácil explicar como a idéia defensiva conseguiu ganhar tantos seguidores. Desde quando a Europa está envolvida com o xadrez, seja com os matches entre La Bourdonnais and Maconald, lutados com entusiasmo e espírito, as aparições de Anderssen e Morphy, um período caracterizado como "despertar do xadrez", provavelmente terminando no match entre Staunton e Saint-Amant. Staunton ganhou este match, sua vitória justificadamente o credencia a tomar um lugar na história do xadrez do século 19. Embora eu escreva isso, eu tenho antes de mim, um livro seu, reconhecidamente, o primeiro vencedor de um torneio internacional, disputado em 1851, quando o gênio alemão do xadrez Adolf Anderssen foi campeão. Sua conquista foi realmente uma vitória de nosso xadrez agressivo sobre a concepção anglo-judaica (na primeira rodada do torneio, Anderssen aniquilou o judeu polonês Kieseritzky); mas o "teórico" Staunton descreve o torneio em seu livro, para seus leitores ingleses, como um mero conjunto de coincidências. De acordo com suas palavras, ele estava com a saúde afetada porque ele estava sobrecarregado com a organização do torneio, etc., etc., etc., em outras palavras, as comuns e tão conhecidas desculpas vergonhosas tolas ! A derrota de Staunton para Anderssen foi, na realidade, mais, muito mais do que uma decisão entre dois mestres de xadrez; sua significância reside no fato de que isso confirma que a derrota da idéia anglo-judaica de defesa em contraponto com a idéia alemã-européia de agressão.

O Drama do Xadrez Europeu

Alekhine Logo após a vitória de Anderssen, o grande drama do xadrez europeu se desenvolveu; o gênio foi confrontado por um outro grande gênio, vindo de Nova Orleans. Isso não causou estragos ao xadrez em si, pois o xadrez de Morphy era real no mais verdadeiro sentido da palavra. Ele só se tornou prejudicial, primeiramente, porque Morphy perdeu sua capacidade mental imediatamente após seus feitos incríveis, ficando inapto para o xadrez e também porque Anderssen não conseguiu recuperar-se da derrota para Morphy e conseqüentemente cedeu o cetro do xadrez sem maiores ambições, para Steinitz, o judeu.

Para centrar o foco na questão de quem Steinitz realmente era, e porque ele realmente mereceu desempenhar um papel predominante no xadrez, é necessário (por estranho que pareça) investigar os problemas do profissionalismo no xadrez. Para qualquer arte (e o xadrez é, apesar de seu elemento de conflito, uma arte) existem dois tipos de profissionais: aqueles que não hesitam em se sacrificar, em se dedicar apaixonadamente ao ímpeto de seu talento, deixando de lado todos os outros desejos e possibilidade de vida e sustento. Essas "vítimas da arte" então não podem ser acusadas de tentar fazer seu sustento de seu trabalho, de sua criação buscando a estética e satisfazendo seus desejos espirituais. Completamente diferente é o outro tipo de jogador de xadrez profissional, que eu não hesito em chamar de "judeus orientais". Steinitiz, o judeu nasceu em Praga; pode-se chamá-lo de o primeiro de sua "espécie", e rapidamente, muito rapidamente ele tinha muitos seguidores.

São os judeus, como raça, dotados para o xadrez? Após uma experiência de 30 anos, eu devo responder a questão da seguinte maneira: Sim, os judeus são extremamente bem dotados de habilidade para tirar partido das idéias do xadrez e as capacidades práticas vinculadas; mas, ainda não nasceu um real artista judeu do xadrez. Eu podeira mencionar (e só para dar nomes conhecidos) os seguintes representantes do xadrez ariano: Philidor, Labourdonnais, Anderssen, Morphy, Tchigorin, Pillsbury, Marshall, Capablanca, Bogolyubov, Euwe, Eliskases, Keres. Como "colheita judaica" no mesmo período histórico não se pode chamá-la de outra coisa senão pobre e escassa. Além de Steinitz e lasker, vários grupos merecem ser devidamente analisados na seqüência histórica. Na decadência da hegemonia de Lasker (1900-1921) dois de seus mais próximos adversários judeus, Janowski e Rubinstein, são de alguma forma dignos de nota.

Jogos "brilhantes" contra oponentes fracos

O típico representante desse grupo talvez seja o judeu polonês Janowski, que morou em Paris. Ele conseguiu achar lá um homem rico, o "artista" holandês Leo Nardus, também judeu, e não se desatou desse homem por 25 anos. Alguém mostrou uma vez a este Nardus um pouco dos jogos de Morphy com sacrifícios brilhantes; deste momento em diante, seu ídolo era Morphy, e então ele pediu a seu "protegido" Janowski para jogar "belos jogos" a todo custo. Janowski então criou jogos "brilhantes" "na marra", mas então ficou claro que ele somente poderia fazê-los contra seus oponentes mais fracos. Nas disputas com reais mestres, seu estilo era somente trivial, pobre e materialista como 99% dos seus semelhantes raciais. Ele nunca foi um oponente sério para Lasker, que o aniquilou divertidamente em muitos jogos. É necessário comentar que uma das maiores características do "talento" de Lasker era evitar os oponentes mais perigosos e somente confrontá-los quando eles não mais ofereciam perigo a ele, quando sofriam de doença, idade ou decadência do jogo. É fácil citar ocasiões dessas táticas, por exemplo, quando ele evitou os matches com Pillsbury, Maroczy e Tarrasch, aceitando o desafio do último somente em 1908, quando ele não mais poderia ser considerado um adversário sério na luta pelo título. Então houve um "match curto" contra Schlechter (Vienna 1910); o resultado empatado foi planejado para servir de chamariz para o público do xadrez para arranjar um match maior e apropriadamente remunerado match de revanche.

Trazido à tona o ódio contra o "Goyyim"

Alekhine O segundo adversário de Lasker foi o mestre de Lodz, Akiba Rubinstein. Tido como um ortodoxo radical, no ódio talmúdico (referente ao Talmude, livro das leis judaicas) ao "Goyyim" (região entre os rios Tigres e Eufrates que seria o berço da raça ariana), ele era obcecado, desde o início da sua carreira, pela idéia de completar uma espécie de "missão", além de sua inclinação pelo xadrez. Conseqüentemente, quando jovem, ele começou a estudar a teoria do xadrez com a mesma avidez que ele, quando menino, tinha pelo Talmude... E isso numa época de decadência do xadrez, quando a escola "vienesa" (fundada pelo judeu Max Weiss e em seqüência desenvolvida pelos judeus Kaufmann e Fahndrich), que via o segredo do sucesso não na vitória, mas na prevenção da derrota, estava de posse da cena do xadrez mundial.

Não se admira que Rubinstein, que durante este período sempre foi melhor nas aberturas que seus adversários, pôde comemorar na sua estréia no xadrez internacional vitórias impressionantes. Seu sucesso extraordinário, eu suponho, foi seu empate no primeiro lugar no torneio de São Petersburg em 1909, um torneio memorável, que eu acompanhei quando tinha 16 anos. Desta conquista começou o seu declínio, no começo lento, depois mais e mais aparente. É verdade que ele continuou a estudar incansavelmente, porém obteve poucos sucessos isolados; Mas nota-se que este estudo era na verdade muito para seu cérebro, que tinha talento para o xadrez, mas era medíocre em outros assuntos. E então aconteceu que, quando eu fui a Berlim, após quatro anos de experiência com os soviéticos, eu encontrei um Rubinstein que era apenas metade grande mestre e um quarto de um ser humano. Sua mente se tornava cada vez mais obscura, uma parte pela sua megalomania, outra pela sua mania de perseguição.

A seguinte anedota ilustra isso bem. Durante o final do mesmo ano (1921) um pequeno torneio foi arranjado devido ao empenho de Bogolyubov em Triberg, com a participação de Rubinstein. Eu fui diretor do torneio e perguntei pra Rubinstein após um de seus jogos "Por que você jogou este movimento na abertura? É obviamente muito inferior ao que eu derrotei Bogolyubov alguns meses atrás e que nós examinamos de maneira convincente, junto com você."

Ele queria evitar a influência de seu adversário

"Sim," respondeu Rubinstein, "mas é um movimento estranho!" Em outras palavras, ele não conseguia apreciar as idéias de ninguém além dele próprio; somente SEU xadrez era utilizado por ele neste período. Apesar de alguns sucessos obtidos, a mania de perseguição tornou-se maior e maior. Nos últimos dois ou três anos da sua carreira enxadrística, ele costumava correr - literalmente! - do tabuleiro de xadrez tão logo ele fazia seu lance; costumava sentar em um canto da sala do torneio e não retornava ao tabuleiro até que fosse sua vez de mover de novo. Isto, como ele mesmo explicava, era "para escapar da influência do Ego do adversário."
Rubinstein está agora em algum lugar na Bélgica, morto para o xadrez para sempre.

O judeu de Riga Niemtsovitch pertence mais ao período de Capablanca que ao de Lasker. Sua instintiva e anti-ariana concepção de xadrez era curiosa (subconsciente e contra suas próprias inclinações) foi afetada pela concepção russo-eslava (Tchigorin!). Eu digo "subconscientemente", pelo quanto ele odiava nós russos, nós eslavos! Eu nunca me esquecerei de uma pequena conversa que tivemos após o torneio de Nova York em 1927. Eu o superei neste torneio, e o mestre iugoslavo eslavo Professor Vidmar repetidamente o derrotava nos seus encontros. Ele ficou furioso então, mas não ousou nos atacar diretamente. Então uma noite, enquanto falava dos soviéticos, ele se virou pra mim e disse "Who says 'Slav' says 'Slave'" (Quem diz eslavo diz escravo) e na hora eu respondi "But who says 'Jew' need say no more!" (Mas quem diz Judeu não precisa dizer mais nada!).

Em algumas rodas, ele era considerado um pensador profundo, principalmente após os dois livros intitulados "Meu sistema" e "Práticas do Meu Sistema". Eu estou firmemente convencido que seu "sistema" (não levando em conta que não é nem mesmo original dele) é baseado em premissas erradas. Ele não só comete o erro de lutar por um final sintético a partir de uma abertura analítica, mas, continua a errar, ele baseia sua análise somente na sua própria experiência prática e posteriormente leva os resultados de sua análise como a maior verdade. Sem dúvidas há alguns elementos reais e corretos nas doutrinas de Niemtsovitch; mas qualquer coisa que seja correta não é de sua própria autoria, mas criada por outros, tanto velhos mestres como contemporâneos, e ele plagiou isso, conscientemente ou não. Corretos eram:

1. A idéia da batalha pelo centro, um conceito de Morphy; isso foi previamente mostrado nas conquistas de Tchigorin como pelos jogos de Pillsbury e Chaorusek. 2 e 3. As verdades de M. de la Palisse, ou seja, é vantajoso ocupar a sétima fileira e, finalmente, é melhor tomar vantagem de duas fraquezas nas fileiras do adversário que somente de uma. E tamanha foi a ingenuidade do público inglês e nova-iorquino (não o público americano de Nova York, a cidade dos judeus, que, graças a deus, não é idêntica à América) que deram a ele fama como escritor de xadrez.

Essas eram verdades. Por outro lado, havia muitas incorreções que eram conseqüências diretas de sua atitude em relação ao xadrez, que qualquer coisa que fosse meio caminho para a originalidade teria um fedor cadavérico negando tudo que fosse criativo. Exemplos: (1) "manobras de espera" não são mais do que a idéia de Steinitz-Lasker sobre esperar o erro do adversário; (2) "superproteção" (uma proteção prematura de pontos supostamente fracos) é de novo uma idéia judaica que contradiz todo o espírito da luta, ou seja, ter medo da batalha. Duvide-se dos próprios poderes espirituais (verdade, isto é um triste retrato de auto-humilhação intelectual! Isto é o pobre legado intelectual que Niemtsovitch deixou quando morreu, para poucos sucessores e alguns amigos) não considerando que há alguns semelhantes racistas.

Sem dúvida, o mundo do xadrez deve gratidão ao mestre de Bratislava, Richard Reti, por ter provado que a idéia de superproteção de Niemtsovitch é um absurdo. Ele aplicou a teoria de concentrar nas falhas do adversário desde o primeiro lance, não importando como o oponente desenvolva seu jogo.

Está se tornando mais e mais claro que a concepção judia, puramente negativa, do xadrez (Steinitz-Lasker-Rubinstein-Niemtsovitch) impediu por meio século, o desenvolvimento lógico de nossa arte e batalha.

Xadrez Judeu e Ariano [II]

Reti foi aplaudido por muitos intelectuais anglo-judaicos por seu trabalho "Idéias modernas no xadrez", da mesma forma que Niemtsovich tinha sido por "Meu Sistema", e essas pessoas estavam impressionadas pelo grito absurdo que Reti inventou "Nós, os mestres jovens" (ele tinha 34) "não estamos interessados nas regras, mas sim nas exceções." Se essa frase faz sentido, ela significa "Nós (ou preferivelmente, Eu) sabemos as regras do jogo de xadrez muito bem. Seguir com a pesquisa nesse campo será, no futuro, tarefa dos mais imbecis da comunidade enxadrística. Mas, eu, o grande mestre, me dedicarei exclusivamente aos mais delicados nuances das brilhantes exceções, com as minhas próprias explicações." Este blefe barato, esta imodesta tentativa de autopromoção foi aceita sem contestação pelo mundo do xadrez já dominado pelos jornalistas judeus. Os gritos entusiasmados dos judeus e seus amigos "Longa vida a Reti e ao xadrez hipermoderno e neoromântico!" encontraram um eco grandioso.

Reti morreu jovem, aos 40 anos. Antes ainda, sua idéia de "blefe duplo" sofreu uma derrota silenciosa e vergonhosa. Representantes contemporâneos do xadrez judeu escolheram imitar exemplos antigos (Steinitz, Rubinstein) ao invés dele. Conseqüentemente, Salo Flohr de Praga é, no sentido enxadrístico, um resultado parte das idéias tímidas e defensivas de Steinitz e parte da fé religiosa aplicada ao estudo de aberturas e finais de jogos de Rubinstein. A diferença é que, diferente de Rubinstein, ele é ouvido de corpo e alma e, então, provavelmente apto a se manter por algum tempo.

Reuben Fine, um judeu nova-iorquino extraditado do leste europeu, é certamente mais inteligente que Flohr. Tendo crescido numa escola comunitária, sob as despesas da comunidade judaica, ele foi influenciado enxadristicamente, se não também politicamente, pelas idéias da Rússia moderna. Esta é a razão de ele ser mais agressivo que os outros mestres judeus, na sua atitude e comportamento, como também no xadrez. Sua principal idéia sobre o xadrez é, no entanto, simplesmente a mesma, a pura espera pelo erro, nenhum risco! Ele tenta atingir seus objetivos por um caminho relativamente novo; não por simplesmente esperar ou por pura defesa, mas por pesquisar cada vez mais exaustivamente as ramificações das aberturas. Para aumentar suas chances na prática do xadrez ele tenta, por exemplo, modernizar o velho estudo inglês de Griffith e White; Desta forma, ele teve que estudar milhares e milhares de variações de aberturas e ele teve sucesso, pelo seu conhecimento superior da teoria moderna, em obter um sucesso relativo no torneio de AVRO em 1938; a surpresa foi geral, mas eu não penso que haverá repetição desse sucesso.

Coitado do Xadrez da América!

Existem mais dois mestres judeus para serem mencionados: Reshevsky e Botvinnik. O judeu oriental e criança prodígio (houve muitas crianças prodígios dessa raça em todas as artes - por que não ter uma criança judia prodígio no xadrez de vez em quando também?) Samuel Reshevsky foi sistematicamente explorado, a partir dos seus quinze anos, por seus técnicos, também judeus. Naturalmente, havia dinheiro suficiente nesta época (1919-1922) para todos os tipos de desejos, nas democracias cheias de lucros de guerra. Não se admira que Reshevsky, naturalizado americano e então campeão estadunidense, quando com 30 anos, possui uma fortuna que o permite jogar o resto de sua carreira como amador. Que surpresa causou quando ficou claro que o adulto Reshevsky, quando voltou à Europa, representava o pior tipo de profissional do xadrez e estava se dedicando a todo tipo de tramóia que o beneficiasse! Se, como foi dito, Reshevsky é realmente a imagem do xadrez norte-americano do presente, tudo que pode ser dito é "Coitado do Xadrez da América!"

O mestre soviético de xadrez Botvinnik possui, de acordo com a minha opinião, ainda mais que seu semelhante religioso, influência sobre a nova escola russa. Instintivamente inclinado para a "segurança primeiro", ele lentamente se tornou um mestre que sabe usar as ferramentas de agressão. A maneira que isso ocorreu é curiosa e típica: não a idéia de atacar e, se necessário, sacrificar, mas - por mais paradoxical que possa parecer - a idéia de procurar, nas possibilidades de ataque, ainda mais segurança pra si mesmo, é responsável por essa mudança. Somente pelo conhecimento refinado, pelo estudo cuidadoso de(a) novas potencialidades nas aberturas e (b) técnicas de ataques e sacrifícios dos antigos mestres, Botvinnik obteve sucesso em adaptar seu estilo original e torná-lo de certa forma versátil. De outro modo, dificilmente ele seria capaz, considerando o alto desenvolvimento do xadrez atualmente na Rússia, ser campeão do seu país cinco ou seis vezes consecutivas, de forma tão convincente. Com sua visível superioridade, pode-se compará-la com as sucessivas vitórias impressionantes do mestre alemão Erich Eliskases, na Alemanha e fora, durante os últimos anos. Mesmo assim, a maior parte dos jogos de Botvinnik causa uma impressão seca e desalmada. Isso é facilmente explicado: não há arte onde a mais perfeita cópia pode alcançar os mesmos sentimentos do original e, embora o ataque seja uma preocupação, o xadrez Botvinnik não é nada além do que uma excelente cópia dos antigos mestres. Apesar destas deficiências, eu devo dizer que se pode considerar Botvinnik como uma exceção, comparado com os outros até aqui mencionados.

Xadrez Judeu e Ariano [III]

alekhine Considerada uma criança prodígio na sua terra natal (ele foi campeão cubano aos doze anos), admirado por ser um jogador agressivo e impetuoso com lampejos de Morphy no começo de sua carreira, Capablanca teria se tornado não somente o deus do xadrez latino (como ele realmente foi por muito tempo) mas o ídolo de toda a comunidade enxadrística, se ele não tivesse sido enviado, quando jovem, à Universidade da Columbia em Nova York e lá tivesse assimilado os métodos profissionais dos enxadristas ianques. Sufocando seus dons táticos, ele se obrigou, ainda aos dezoito anos, a considerar o xadrez não como um objetivo, mas como um meio de vida e a buscar o princípio judeu da "segurança primeiro" à exaustão. Seus dons naturais eram tão grandes, que durante certo período ele se tornou o mestre da defesa; e tão astuto ele era, que ele procurou justificar o princípio negativo do xadrez defensivo, por meio de concepções pseudo-estratégicas, em vários artigos. Freqüentemente exceções temporárias e brilhantes ocorreram, mesmo nas disputas do campeonato mundial (reações subconscientes do seu temperamento sufocado). Hoje em dia elas se tornaram cada vez mais raras.

Então fica claro que estes dois, o judeu Botvinnik e o latino Capablanca, tomaram intelectualmente a mesma direção (ou, se preferir, a direção errada). Suas existências são indubitavelmente necessárias para nossa arte, e para o combate do pensamento defensivo no xadrez, pelas exceções que provam as regras. Exceções? Sim, exceções reais. Infelizmente, também existem falsas exceções, também, artistas do xadrez que utilizam o espírito ariano de ataque em tentativas de recompensar sua dedicação pessoal pelo outro. Os representantes típicos desta tendência são sem dúvida o judeu de Viena Rudolf Spielmann, agora residente em Estocolmo, e de Leipzig, Jack Mieses, agora vivendo em Londres. Spielmann, que indubitavelmente tem dons combinativos, chegou à conclusão, no começo de sua carreira no xadrez, que se ele conseguisse ter sucesso em fazer seu nome como um "brilhante jogador nos sacrifícios" conseguiria ganhar mais dinheiro do grande público. Da mesma forma que Fine e Botvinnik estudaram as aberturas e as regras do jogo ofensivo, Spielmann se dedicou a uma questão mais simples, a das técnicas fundamentais dos sacrifícios. Deve-se admitir que ele obteve algum sucesso no seu objetivo, no decorrer de uma prolongada experiência. Em 1935 ele foi ainda mais longe ao publicar um livreto sob o depravado título "Sacrifícios Corretos." (Na versão em inglês, "A arte do sacrifício"-da tradução) Nesta obra, cada tipo possível de sacrifício no xadrez é analisado, até o único tipo que caracteriza o real artista, o sacrifício intuitivo. Distante da questão dos sacrifícios verdadeiros está o mestre do xadrez e jornalista J. Mieses, que costuma inundar uma boa parte da imprensa alemã de alguns anos atrás com "brilhantismos" do seu meio. Ele contribuiu com uma demonstração convincente, por exemplo, para a revista de xadrez "Chess", que é dirigida pelo judeu Baruch Wood em Birmingham; como melhor desempenho da sua carreira, ele menciona o prêmio de beleza da partida contra von Bardeleben no campeonato de Barmen em 1905.

Até então, eu discorri muito sobre a idéia defensiva dos judeus, mas pouco sobre os conceitos arianos de ataque; vamos elaborá-los então. Como introdução, é preciso mencionar uma importante, e totalmente explosiva, atitude para com o xadrez. Por volta de 1830 e 1840, surgiu sobre o xadrez, como resultado da ascensão esplendorosa e rápida de Mahe de la Bourdonnais, uma quietude notável. Foi dado o prêmio de melhor jogador da época (possivelmente com justiça) ao inglês Howard Staunton. Seu xadrez, que infelizmente teve certa influência nos seus colegas, era tão monótono, chato e pobre em idéias, que ninguém poderia se admirar do julgamento dado pelo genial Edgar Allan Poe no seu "Os assassinatos da Rua Morgue." No começo da história Poe escreve (sem nenhum motivo interno) - "Calcular não é meramente analisar. Um jogador de xadrez, por exemplo, faz o primeiro sem nenhum esforço no segundo. O que acontece é que o jogo de xadrez, nos seus efeitos sobre as características mentais, é fartamente mal-entendido. Eu não estou escrevendo um estudo, mas eu quero aproveitar a ocasião para afirmar que as maiores forças do intelecto pensante são mais decisivamente e efetivamente usadas no despretensioso jogo de damas, que por toda a elaborada leviandade do jogo de xadrez. Desta forma, onde as peças têm diferentes e bizarros movimentos, com posições várias e variadas, só quer dizer que seja complexo o que é tomado errado (um erro comum) para o que seja profundo. O cuidado é considerado parte fundamental do jogo. Se se distrai por um instante, um descuido é cometido, resultando num dano ou na derrota. Em nove de cada dez vezes, o jogador mais concentrado obtém êxito em relação jogador mais forte."

Agora o lado bom

"No jogo de damas, onde os movimentos são únicos e têm pouca variação, as probabilidades de descuido são mínimas." E em seguida: "Homens do maior intelecto são capazes de obter um aparentemente inexplicável prazer no uíste (jogo de cartas), da mesma forma que tratam o xadrez como futilidade. Sem dúvida, não há nada em que a atividade da análise seja tão dispendiosa como no jogo de uíste. O melhor enxadrista de Christendom pode ser um pouco mais que o melhor jogador de xadrez; mas a proficiência no uíste implica em uma capacidade de obter sucesso em todas as mais importantes atividades onde mentes duelam contra mentes."

Chega! Estas notas provam que o engenhoso poeta de "O Corvo", o fascinante autor de "Eureka" e de "Colloquy of Monos and Una" foi neste caso completamente e estupidamente iludido ou, por alguma razão desconhecida, sabiamente ludibriou os seus leitores. O xadrez não pode ser comparado com nenhum outro jogo de tabuleiro, devido à uma distinção que o coloca como arte; não que isso implique em algum menosprezo dos outros jogos de tabuleiro, cada um deles tem seu lugar. Essa distinção reside no fato de que o xadrez por si só, ao contrário destes outros jogos todos, tem um objetivo outro que meramente capturar ou ganhar terreno, a concepção de mate. Reconhecidamente, deve-se lutar por ganho de material ou espaço para começar. Mas com o mate, a idéia de encurralar a principal peça inimiga, vem a idéia de que nenhum sacrifício de tempo, espaço ou material é grande o suficiente pra atingi-lo. Está aí o porquê de o xadrez ser necessário, o porquê de ele ser tão atraente; porque ele nos traz à tona (ainda que subconscientemente, talvez) a luta da humanidade por um ideal; a alegria de se dedicar a um ideal. E por isso o xadrez nos faz despertar um sentimento estético, e por isso a concepção de beleza é premiada no xadrez também; porque o espírito do xadrez corresponde de todas as formas à virtude do auto-sacrifício em nós mesmos.

De qual outro jogo isso poderia ser remotamente afirmado? Não, Edgar Allan Poe não poderia, com toda sua genialidade, dar meia justificativa para a existência de qualquer outro jogo! Ainda mais discutível é sua comparação do xadrez com o uíste; por essa razão, que no jogo de cartas, a mente humana tem que trabalhar de um modo totalmente diferente que no xadrez. O xadrez é uma luta do instante e do futuro - quando um lance ocorre, os jogadores não estão preocupados com o que se passou. No Bridge, de outra forma (para ficarmos restritos aos mais modernos jogos de cartas), qualquer um que queira se tornar um bom jogador deve ter em mente não somente a idéia de cada rodada, como também as cartas que já foram jogadas. Como resultado de "análise" isso se torna, como um resultado da presença de várias imponderações, uma impossibilidade prática. Então o ataque americano perde em tudo, exceto somente por indício do domínio de seu tempo.

Em abril 1941 Alekhine saiu da França para Lisboa, Portugal. Sua esposa, Grace Wishard, ficou para trás para conservar seu castelo em Saint Aubin-le-Cauf, perto de Dieppe. Os alemães recusaram dar um visto da saída para sua esposa. Tentou conseguir um visto para ir para a América, mas foi recusado.

Em setembro 1941, Alekhine teve seus artigos sobre xadrez Judeu publicados no jornal de Madrid, EL Alcazar.

Artigo Alekhine Em setembro 1941, o presidente da Federação alemã de Xadrez, borne de Ehrhardt, disse que se Alekhine jogasse em um torneio em Munich, sua esposa teria permissão para encontra-lo lá. Alekhine jogou e teve uma bandeira da swastika em seu tabuleiro.

Em junho 1942, houve um torneio de xadrez em Salzburg. Euwe foi convidado mas recusou porque Alekhine estava participando e Euwe encontrou os artigos que Alekhine tinha escrito em ofensa aos Judeus.

O torneio ocorreu no palácio de Mirabell (Sound of Music foi filmado lá). Era perto da residência de verão de Hitler que pode ter parado para uma visita. Alekhine ganhou o evento, seguido por Keres.

Em janeiro 1943, Alekhine pegou febre escarlate - em Praga. Foi tratado no mesmo hospital onde Richard Reti morreu em 1929 da mesma doença. Depois que saiu do hospital, foi obrigado a dar várias exibições de xadrez e jogar em vários torneios de xadrez, se não os alemães retirariam seus cartões de ração.

Em outubro 1943, no convite da Federação espanhola de Xadrez, Alekhine foi a Madrid. Uma transmissão Nazista disse que Alekhine esteve confinado em um sanatório logo após sua chegada. Foi colocado num sanatório para o alcolismo ou doença mental. O Gestapo permitiu-lhe um visto da saída, mas não deixou sua esposa acompanhá-lo. Devia retornar a Paris.

Alekhine competiu em 7 torneios na Alemanha durante a guerra. Participou do Torneio Nazista de Xadrez em Munich, em Salzburg, em Warsaw, e em Praga. Permaneceu na Europa Nazi-ocupada como um cidadão de Vichy Francês (78 mil judeus foram levados para os campos de extermínio durante o regime de Vichy).

Em Dezembro de 1944, Alekhine era entrevistado por um correspondente espanhol da "News Review". Nesta entrevista, negou que era um colaborador Nazista. Disse que jogou em torneios alemães de xadrez sob o duress(confinamento; pressão; aprisionamento; restrição da liberdade.) Afirmou que os artigos Nazistas foram reescritos pelos alemães. Tinha escrito os artigos em troca de um visto da saída da França.

Após a guerra, Alekhine era acusado de converter-se às doutrinas raciais Nazistas. Foi acusado também de colaboração ativa com o inimigo. Alekhine não foi convidado a nenhum torneio de xadrez pós II guerra mundial por causa de sua afiliação com os Nazistas.

Em dezembro 1945, escreveu uma carta ao organizador do torneio da Vitória de Londres, W. Hatton-Ward, negando que escreveu qualquer artigo sobre Judeus e o Xadrez Ariano.

Próximo de 1946 Alekhine escreveu a alguns amigos que estava sendo seguido constantemente.

Em março 1946, morreu em um hotel em Estoril (fora de Lisboa), Portugal após se engasgar com um pedaço de carne. Alguns dizem que não engasgou, mas morreu de um ataque cardíaco. Estava sentado em uma cadeira com um jogo de xadrez ao lado dele, analisando uma posição de xadrez após ter comido o jantar sozinho, foi em 1953.

Um dia após a morte de Alekhine, uma carta chegou convidando-o a Inglaterra para um match de Alekhine-Botvinnik.

Foto Morte Alexander Alekhine O doutor que escreveu a certidão de óbito, Dr. Antonio Ferreira, mais tarde negou que Alekhine morreu engasgado ou mesmo por um ataque cardíaco. O doutor disse a seus amigos que Alekhine realmente tinha sido assassinado com um tiro. O doutor disse que o governo Português aplicou uma pressão sobre ele para terminar o certificado de óbito para mostrar que Alekhine havia morrido de um ataque cardíaco e não assassinado para evitar toda a controvérsia. Há um especulação que Alekhine foi assassinado por um esquadrão secreto da morte da resistência francesa que assassinava cidadãos franceses que haviam colaborado com o Nazismo alemão.

O corpo não foi enterrado por três semanas porque ninguém reinvidicou o corpo. Finalmente, a Federação de xadrez Portuguesa cuidou do funeral. Menos de 12 pessoas compareceram em seu funeral.


Em 1947 a FIDE votou para que Euwe fosse declarado campeão do mundo após a morte de Alekhine. Entretanto, a delegação soviética chegou atrasada para a votação. No dia seguinte, após o protesto da delegação soviética, o título foi rescindido a favor de um match em que Botvinnik venceu.

Em 1956 a USSR e Federação Francesa de xadrez concordaram em transferir os restos mortais de Alekhine para um cemitério em Montparnasse, Paris. FIDE forneceu o túmulo. Está em forma de um tabuleiro de xadrez feita de granito vermelho e há um busto dele em mármore. A data do nascimento e da morte no túmulo de Alekhine está errada. No túmulo se lê:

Túmulo de Alekhine ALEXANDER ALEKHINE
1ST NOVEMBER, 1892
25TH MARCH, 1946
CHESS WORLD CHAMPION
1927-35-37 TO THE END.
Túmulo Alekhine

Dr Alekhine era um homem de agudísimo espírito crítico e, ao mesmo tempo, comprazia-se em anotar cuidadosamente suas observações e seus estudos sobre as partidas, próprias ou alheias, que mais chamavam sua atenção.
Os cadernos de Alekhine estão escritos de seu punho e letra em alemão, francês e inglês ...(Alekhine era fluente em 10 línguas). Os cadernos foram escritos em diversas épocas, conquanto o mais antigo é do ano de 1941.
Alekhine dizia que estes cadernos são algo bem como filhos meus. QUERO-OS com carinho de pai. Comigo foram em minhas viagens ...’
Os cadernos de “Alekhine” são documentos particulares e a lei francesa é categórica neste assunto. Entrarão em domínio público apenas 70 anos após a morte do autor, isto é em 2017. Após esta data os historiadores e os investigadores podem consultá-los, contanto que os herdeiros e os proprietários dos cadernos de Alekhine concordem.









Anotações de Alekhine Túmulo de Alekhine depredado
Pode ser impressão minha mas penso ter visto dois gatos ao lado do túmulo.


Bibliografia Alexander AlekhineBibliografia de/sobre A. Alekhine

A idéia é ter aqui uma lista de todos os livros publicados com Alekhine como autor ou co-autor, e também todos os publicados sobre ele. Estão naturalmente excluídos todos os livros sobre a "Defesa Alekhine". Nos livros sobre ele, o ideal é que o seu nome apareça no título, mas também aparecem aqui alguns em que isso não acontece, mas onde se dá um claro destaque ao personagem, do genero de aparecer um capítulo sobre ele. Também os livros de torneios em que ele participou e os livros sobre as suas finais dos campeonatos do mundo são susceptíveis de ser incluídos.

O ideal seria ter livros publicados em todo o mundo mas isso não será possível, por limitações do meu conhecimento das línguas e do uso de caracteres diferentes. Também por esse motivo pode existir aqui algum livro que não deveria constar.

O meu objetivo é ter uma lista o mais completa possível acrescentando continuamente o essencial do que vai saindo sobre Alekhine e também as reedições mais importantes relativas aos livros em que ele aparece como autor.

As referências têm sido recolhidas, na sua maior parte, dos catálogos de bibliotecas e livrarias disponíveis na internet. Se tiver algum comentário a fazer, basta escrever!
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Voz AlekhineVoz de Alexander Alekhine a uma rádio em formato MP3.




Sinceros agradecimentos a:
Luciano Correa Lemes
alexandre de oliveira

Fontes: http://www.geocities.com/SiliconValley/Lab/7378/nazi.htm
http://www.chesshistory.com/winter/winter06.html
http://www.geocities.com/siliconvalley/lab/7378/alekhine.htm
http://ballz.ababa.net/lidador/aaa.html
http://www.davidllada.com/art_ajedrez/20030610_clubexadrez_alekhine.htm
Se eu esqueci de colocar alguma fonte por favor nos envie um email e será reparado.
canalxadrez@clubedexadrez.com.br

http://xadrez.altervista.org/xadrez/xadrez.htm